Angela Teberga
Crédito: Freepik.
O retorno dos trabalhadores do turismo às suas atividades (e a consequente exposição aos riscos que não teriam casos pudessem permanecer em suas casas) impactou diretamente à sua saúde, conforme mostram os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios COVID19 (PNAD COVID19), desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A PNAD COVID19, cujo objetivo é estimar o número de pessoas com sintomas associados à COVID-19 e monitorar os impactos da pandemia no mercado de trabalho brasileiro, teve coleta de dados realizada entre maio e novembro de 2020, com entrevistas realizadas por telefone. A PNAD COVID-19 não apresenta dados desagregados por Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), e por isso foram selecionados os grupos de atividades econômicas com mais afinidade ao turismo: transporte de passageiros, hospedagem (hotéis, pousadas, etc.), serviço de alimentação (bares, restaurantes, ambulantes de alimentação) e atividades artísticas, esportivas e de recreação.
Todos os quatro grupos analisados apresentaram baixas testagens para o coronavírus, embora esse número tenha aumentado ao longo dos meses de 2020. A menor taxa de testagem ficou com o grupo de hospedagem e a maior com o grupo de atividades artísticas, esportivas e de recreação. Na média, aproximadamente 7,8%, 13,3%, 17,9% dos trabalhadores dos quatro grupos fizeram a testagem nos meses de julho, setembro e novembro, respectivamente.
Apesar da alta subnotificação entre os trabalhadores, a quantidade de infectados pela doença é significativa. No mês de julho, os grupos do turismo apresentaram média de 1,7% de resultados positivos para a doença; em setembro, a média foi de 3,0%; e, em novembro, a média salta para 4,4% – número superior à quantidade de casos positivos acumulados de COVID-19 em 30 de novembro, que foi de 3,04%, segundo o Ministério da Saúde (2020).
Entre os trabalhadores do turismo que fizeram o teste para o novo coronavírus, a porcentagem dos que apresentam resultado positivo é ainda mais expressiva: 21,9%, 23,0% e 25,7% nos meses de julho, setembro e novembro, respectivamente.
Dentre os sintomas mais frequentes relacionados à síndrome gripal, dor de cabeça (16%), nariz entupindo ou escorrendo (14%), tosse (14%) e dor de garganta (11%) são os mais citados pelos trabalhadores do turismo, considerando o mês de novembro de 2020.
Os dados apresentados mostram não somente a gravidade da doença, mas também e principalmente a importância e urgência do lockdown em todo o território nacional, necessário para frear a contaminação e o número de hospitalizações. Junto dele, é imprescindível a manutenção de políticas sociais que garantam renda básica aos trabalhadores informais e políticas de manutenção de emprego e renda aos formais.
Este texto é (mais) um grito de desespero.
Registra-se: 265k vítimas em 08/03/2021.
Referências:
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios COVID19 – PNAD COVID19. Rio de Janeiro, 2020.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Painel Coronavírus. Brasil, 2020. Disponível em: https://covid.saude.gov.br/.
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