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Nota sobre o acidente com a aeronave da VoePass

Labor Movens

17 de ago. de 2024

Nota sobre o acidente com a aeronave da VoePass

No último 09 de agosto, aconteceu um acidente aéreo fatal. Todos os ocupantes da aeronave que partiu de Cascavel, no Paraná, com destino a Guarulhos, em São Paulo, tiveram suas vidas ceifadas. A aeronave ATR 72 500, prefixo PS-VPB, após perder a aeronavegabilidade, caiu, se chocando e explodindo.


Como sempre, a investigação está a cargo do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), ligado à Força Aérea Brasileira (FAB). E, para que os resultados da investigação possam responsabilizar possíveis culpados, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal pediram acesso às informações, o que consideramos essencial. Inclusive diante de dois fatos: a permissão da Agencia Nacional de Aviação Civil – ANAC para que a aeronave, depois de um acidente que a danificou, trafegasse sem que a caixa preta registrasse todos as informações, o que pode comprometer a própria investigação; e diante de relatos que indicam que o crescimento muito acima da média, comparando com as maiores empresas do ramo no Brasil, tem se dado com precarização das condições de trabalho.


A perda de tantas vidas traz, ainda, outros dois temas sensíveis. Primeiro, a necessidade de que haja um amplo debate público sobre a campanha da própria ANAC para que a carga horária de tripulantes seja aumentada, o que impõe um maior desgaste físico e emocional e compromete severamente a capacidade de resposta em situações-limites como esta. Segundo um dos diretores da agência, “as empresas brasileiras não são competitivas porque temos uma regulamentação muito restritiva”. Em outras palavras: no documento apresentado em audiência pública é buscado provar que a tripulação (pilotos/as e comissárias/os), deve trabalhar até 14 horas de jornada; ainda que, nesse momento, apenas para quem tripula um determinado tipo de voo e de avião.


Ademais, é imperioso respeitar a tripulação. Posicionamentos sensacionalistas e mesmo oportunistas para render manchetes, audiência e publicidade responsabilizando tais trabalhadores/as que colocam suas vidas diuturnamente em risco no cumprimento de suas funções é pernicioso, além de indevido e, numa situação como essa, bastante antiético e desumano.


Por fim, além de ecoar as vozes que cobram celeridade na investigação, divulgação e, se for o caso, responsabilização, nos solidarizamos com as famílias das 62 vítimas e, também por elas, seguiremos firmes na luta por condições dignas de trabalho e por controle social para que a perda de tantas vidas não se repita por razões que poderiam ser evitadas.

 

Grupo Labor Movens – Condições de trabalho no Turismo

Brasília, 17 de agosto de 2024

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