Labor Movens
15 de mai. de 2023
Nota pública do grupo Labor Movens sobre o PLV 09/2023
Promoção se faz a partir dos territórios. Apenas uma leitura muito apressada das condições sociais e de acesso aos direitos fundamentais e às políticas públicas em um país como o Brasil dará lugar à concordância com uma proposta que compromete o trabalho de dois dos principais agentes de formação, organização e oferta de experiências turísticas, entendidas em sua complexidade e abrangência.
Nós, do Grupo Labor Movens – Condições de Trabalho no Turismo (CNPq / UnB), entendemos que o financiamento da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo – EMBRATUR precisa ser amplamente debatido com a sociedade e merece a devida atenção e orçamento. Indubitavelmente, as recentes mudanças realizadas no último governo fragilizam a operação da Embratur e precisam ser revistas. Todavia, não pode ocorrer de forma emergencial e à revelia do diálogo com grupos de pesquisa, agentes culturais, público interessado e os segmentos diretamente atingidos por medidas como a que hora está proposta.
Como demonstram as diversas manifestações de gestores e gestoras do Serviço Social do Comércio – SESC e do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC, muitas das pequenas unidades destas entidades no país inteiro pagariam um alto preço por esse corte, com previsões de fechamentos, para além da interrupção de muitos serviços ofertados gratuitamente ou com valores populares.
Cumpre-nos, como grupo de pesquisa, ressaltar o impacto profundo e inegável, ainda que nem sempre perceptível e presente nos discursos e debates, na estruturação das experiências turísticas que constituem esse fenômeno social de crescente importância na vida dos sujeitos contemporâneos. Inclusive é oportuno salientar que devemos justamente ao SESC e ao SENAC algumas das mais importantes publicações de livros e periódicos e organização de eventos que permitiram o aprofundamento teórico e a construção de uma práxis turística emancipadora.
Por fim, tendo tal medida impactos negativos nos territórios, inclusive comprometendo projetos como o MESA BRASIL, de distribuição de alimentação saudável, ela comporta uma contradição que não pode ser escamoteada: propõe promover o país internacionalmente prejudicando justamente àquilo que visitantes querem conhecer: nossa cultura, nossa arte, nossa sociabilidade, nossa gente, nossos territórios. Não à toa que funcionárias/os dessas entidades estão mobilizando a população em vários municípios e estivem na IV Feira Nacional da Reforma Agrária - FENARA, organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST, ocorrida entre 11 e 14 de maio, simbolizando a solidariedade da classe trabalhadora comprometida com um projeto de sociedade em que as experiências turísticas, como a própria FENARA, estejam acessíveis ao conjunto da população.
Não ao PLV 09/23!
Labor Movens – Condições de Trabalho no Turismo