Labor Movens
9 de mar. de 2023
Nota pública do grupo Labor Movens em repúdio ao caso de trabalho escravo em Bento Gonçalves/RS
O grupo Labor Movens – Condições de Trabalho no Turismo (UnB/CNPq) externa sua profunda indignação e repúdio ao tratamento dado pelas empresas e entidades representativas em relação ao resgate de 207 trabalhadores da cadeia produtiva do vinho mantidos em condições análogas às de escravidão em Bento Gonçalves / RS. Não obstante o fato em si revelar a necessidade de profundas transformações e fiscalização nessa cadeia, a postura das empresas, cuja própria mídia liberal aponta como equivocada, encontra respaldo no silêncio e/ou posicionamentos aviltantes de entidades representativas como a CIC-BG, tão bem desnudada pela nota da ABET, e a UVIBRA. A nós cumpre reafirmar para ambas entidades, e para as próprias empresas, que o enoturismo, bem como toda experiência turística, não pode, sob pena de desrespeitar o próprio Código Mundial de Ética do Turismo, se distanciar da garantia dos direitos humanos. Se a UVIBRA tem em seu 7º objetivo permanente desenvolver as experiências turísticas ligadas à cadeia da vitivinicultura, precisa garantir a mesma disposição apontada em seu 15º objetivo permanente para cobrar regulamentação, fiscalização e punição, quando for o caso, de suas representadas. Não deixaríamos de frisar o acerto da Câmara Legislativa Municipal de Caxias do Sul pela cassação do mandato do ex-vereador que ofendeu o povo baiano e toda a sociedade brasileira com seu discurso, sob o silêncio cúmplice de grande parte das entidades patronais representativas do turismo, mesmo sendo um trabalho que garante uma das principais experiências turísticas da região. Não haverá beleza, sentido e dignidade nestas experiências sem que se garantam as condições de trabalho decente para quem trabalha.